quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Azincourt (Bernard Cornwell): Sangue, lama e mer...


Prepare-se para ler um livro de guerra, com lama, fezes e muito sangue. Essa, modéstia à parte, é uma ótima descrição para o romance histórico "Azincourt", de Bernard Cornwell. O livro, lançado em 2009, foi publicado no Brasil no mesmo ano pela editora Record – que está de parabéns, principalmente pelo trabalho feito na bela capa.


A história tem como tema central a batalha de Azincourt, cidade francesa, no dia 25 de outubro de 1415, e tem como protagonista o jovem arqueiro Nicholas Hook. A batalha entre ingleses resultou em uma das maiores vitórias do exército inglês durante a Guerra dos Cem Anos.


"Azincourt", de Bernard Cornwell. Editora Record.

Nick Hook é um arqueiro tido como amaldiçoado e que escuta vozes que seriam de Deus, a princípio, e dos santos irmãos Crispim e Crispiniano, posteriormente, e essas vozes irão guiá-los ao decorrer da trama. (Alguém também lembrou de Joana D'arc?) Cornwell, como sempre, é magnífico em sua pesquisa sobre a guerra e descreve com mínimos detalhes o campo de batalha. É impossível não entrar no clima da batalha e sentir a emoção e o cheio de sangue entre as páginas de seus livros. Todas as armas, principalmente o arco longo, e sua utilização é descrita de maneira primorosa por Bernard Cornwell. As lutas também são ótimas de ler e, apesar da violência extrema, são imperdíveis. Aliás, se você gosta de histórias violentas, não vai se arrepender. Em certas partes, quando o exército de Henrique é devastado pela peste, a descrição dos campos de batalha e das trincheiras faz com que o leitor sinta o cheiro de fezes e vômitos.

A batalha de Azincourt, ponto forte do livro, dura mais de 100 páginas mas só acontece no último capítulo do livro. A forma como Cornwell a narra é de tirar o fôlego!

Mas, como nada é perfeito, o autor peca em alguns momentos do livro. As partes do livro em que os personagens não estão lutando é de uma lentidão extrema. Como "Azincourt" é uma obra grande, a história se torna bastante lenta em alguns momentos e o leitor terá que ter paciência. Bernard Cornwell descreve tudo nos mínimos detalhes e isso pode ser visto como uma qualidade ou um defeito, dependendo do momento e do leitor.

Diferentemente de outros livros do autor, o protagonista – assim como a maioria dos personagens – não são nenhum pouco cativantes. Nicholas Hook é apático, principalmente quando não está utilizando seu arco. Talvez essa personalidade fraca de Hook tenha sido feita de propósito, o que considero um erro ainda maior. Personagens como Uhtred, de "Crônicas Saxônicas" possuem muito mais carisma e conquistam o leitor facilmente. Um dos poucos que se salvam é o rigoroso e desbocado Sir John, comandante do exército ao qual Nick Hook faz parte. Sempre com um xingamento na ponta da língua, Sir John Cornewaille se mostra um homem duro, um líder amigo de todos os seus comandados e um temível guerreiro.

Por fim, devo dizer que "Azincourt" é um excelente livro pra quem gosta de romances históricos, principalmente pelos seus detalhes, frutos de uma excelente pesquisa do autor. Indico o livro principalmente para quem ainda não conhece os livros de Bernard Cornwell, porque, como a maioria de suas obras fazem parte de trilogias e séries gigantes, como "As Crônicas de Sharpe", uma história que está em um único volume é bem mais interessante para conhecer o trabalho do autor.

Prepare seu arco e suas flechas e boa leitura!

Um comentário:

Lu Tazinazzo disse...

Eu tenho muita curiosidade em ler Azincourt, mas como eu fiquei mal acostumada com As Crônicas Saxônicas, tenho medo de criar grandes expectativas e me decepcionar. Preciso ler o 6ª livro das Crônicas Saxônicas e depois da Trilogia do Graal, dependendo de como a leitura correr, vou decidir se leio Azincourt, O Condenado ou O Forte.